quarta-feira, novembro 15, 2006

O Estádio de São Luís

“Quero ir ao estádio Pai!”

Em toda a povoação de Portugal há um campo de futebol, Faro não é a excepção dessa regra! Desde pequeno que passava perto do São Luís e pedia ao meu Pai para me levar a ver um jogo. Esse dia chegou quando o Belenenses, prestes a descer à segunda, foi empatar 0-0 lá abaixo. “Ali vai o médico do Farense, é o B.”, dizia-me o meu Pai. Apesar de não ter visto golos adorei estar na velha bancada dos visitantes, estava num domingo à tarde a participar na primeira divisão, “era o primeiro dia do resto da minha vida!”

Destino preferencial de fins-de-semana alongados, o Algarve sempre congregou muitos primos e amigos vindos de fora. Na jornada em que ia o Glorioso a Faro também um amigo do meu Pai o iria fazer. Compra, não-compra acabámos por ficar com dois bilhetes em casa para ver o Benfica ali tão perto! “Fui com o mano e mal víamos o jogo, a bancada estava cheia, tivemos que ficar logo nas escadas!”
Senão me engano foi 2-0 para o SLB, mas pouco importa agora. Engraçado foi o facto do jogo ser a um domingo à tarde, estar cheio, de virem adeptos de todo o Algarve para ver o jogo e eu saber que o meu irmão tinha ido com o meu Pai ao jogo, estava curioso para saber como tudo tinha sido!

Alguns anos depois ia a pé de casa até ao estádio todos os domingos em que o campeonato ia a Faro:”Já me fiz sócio do Farense, podemos ir aos jogos”! Que alegria saber que passaria a ver os jogos ao vivo semana sim, semana não…Sentava-me sempre atrás do banco de suplentes, era giro ver o público aplaudir a chegada do Paco Fortes e a sua garra durante o jogo ali mesmo perto de mim. No relvado os ídolos eram o Pitíco, o Hajry, o Djukic e o Miguel Serôdio.


No Farense era quase sempre “dia do clube”! Conceito em desuso este… “Os sócios não pagam os jogos, excepto em dia do clube”, explicou-me o meu Pai. Eram normalmente 1.000 escudos de quotas por mês, e 1.000 por jogo. Normalmente não era preciso ir às bilheteiras, um senhor em frente à Igreja de São Luís vendia também o bilhete! Como era miúdo entrava com o meu Pai.

Após o jogo lá regressávamos a casa,”correu bem o jogo?”, perguntava a minha mãe! A ver os resumos no domingo desportivo lá lanchava… Boavista-1-2 - Gil Vicente, vi o Caccioli festejar enquanto comia uma tarte de maçã feita pela minha mãe!

Era muito raro alguém ganhar na caixinha do Farense, em 92/93 Benfica e Farense foram os únicos a não perder em casa, o Famalicão fez o favor num canto nas Antas:) “O campeonato fica mais animado assim”, dizia o meu tio ao telefone nesse domingo à noite!

Quando fui ver o Glorioso a Vila do Conde ou os quarto-de-final a Barcelona parecia estar a entrar no São Luís... As bancadas tinham também umas bocas de entrada rodeadas por uns muros altos e o relvado só se deia ver depois de subir até ao último degrau! Má memória com resultados, nostalgia sorridente com a entrada nas bancadas!

“Já vi jogos em Sevilha, Barcelona, Roma, Liverpool e por todo o Portugal!”