domingo, novembro 26, 2006

Bastava uma bola!

“Quando tocar vais logo a correr”

Na rua ou na escola, passei muitas horas a querer ganhar jogos!

Morava num prédio cujas traseiras tinham um grande pátio. Um dos primeiros resumos que vi na eurosport nesta casa foi o SCP em Salzburgo! 2-0 nos 90 e o Costinha lá deixou entrar o terceiro no prolongamento...
Longe do meu sétimo andar e da TV havia uma grande calçada. Inicialmente éramos dois, pouco a pouco chegámos aos oito. Quando éramos poucos jogávamos aos centros e a baliza já estava desenhada entre duas colunas do edifício.
Num patamar mais acima tínhamos uma grande calçada onde as pedras e os limites dos canteiros faziam as balizas de um passo! Foi aí que tentei esquecer, na véspera da minha primeira prova global da vida (Ciências Naturais no oitavo ano), a final de 96/97. O Jorge Soares ainda tentou com uma bomba o 3-3 mas a taça lá foi para o Bessa!

O toque da campainha ordenava-nos uma grande corrida até aos campos! Não era a nossa turma a única a querer jogar nos intervalos. A concorrência era imensa, em campos de 5 chegavam a jogar nove para nove. A regra era simples: “quando der o segundo toque acaba o jogo!”.
Mesmo sem campo tínhamos sempre as mochilas e as pedras. Quando não sabíamos se um professor daria a aula, elegíamos um mensageiro para ir ver se havia aula, se ele não voltasse cinco minutos depois havia aula, não havia jogo!
À segunda tínhamos três horas de almoço antes de E.V.T., os jogos eram longos e o cansaço acumulado, num fim de um dia após as duas horas da referida disciplina, o rádio do carro acompanhava-me até casa: o Paneira estava endiabrado e em Famalicão goleávamos!
À hora de almoço havia jogos marcados. No ano em que o Glorioso ia avançando na Taça das Taças, a nossa turma, o quinto quatro, tinha uma hora de almoço à terça. À pressa almoçávamos para jogar contra a turma três antes da aula de música...

Qualquer bola nos enchia as medidas. Bola de ténis com balizas pequenas, bola normal para qualquer campo... Giro lembrar como sem telemóveis marcávamos os nossos jogos e passávamos os intervalos ou fins de dia entretidos. A correria para o jogo era imensa. O famoso bota-fora e os dois golos ou dez minutos eram a lei!
É inevitável perguntar-me se hoje nas escolas há esta euforia pelo intervalo ou se não, se as mensagens dos telemóveis roubam a perna fora da cadeira à espera do toque, se a moda da roupa gira impede o pessoal de chegar ao fim do dia estoirado e a precisar de um banho...

“Já la estavam uns do oitavo ano, não temos campo!”

segunda-feira, novembro 20, 2006

Viagem para a Luz

“Onde vais ver o jogo?”

Na carruagem 21 volto após mais um fim-de-semana por Faro… O comboio pára em Lisboa, a cidade da catedral! Sempre admirei quem, para apoiar o Glorioso, faz os 600km para dedicar aqueles 90min. ao nosso Benfica! Pela memória vão-me passando várias viagens para a Luz.

Aproveitando o feriado de 01 de Novembro o ministério declarava as chamadas férias intercalares! Motivado pela recepção ao HJK de Helsínquia para a liga dos campeões, lá vim no inter-cidades de véspera para ver o jogo. Para o jogo fomos de autocarro a partir de casa do meu irmão até às imediações do estádio.”Falta muito?”, repetia a minha ansiedade! A forma de colocar o cachecol, a entrada no estádio, o aquecimento e tudo, tudo era motivo de sorrisos. Estava na luz a ver o Benfica para a liga dos campeões. Logo a começar golo deles… “Vim de Viseu para isto”, reivindicava um sócio ao nosso lado! O Nuno Gomes lá empatou aquilo… A dez/quinze minutos do fim o Calado levanta o estádio, que golão! Fiquei simplesmente LOUCO, gritava “Benfica, Benfica” e olhava para o terceiro anel com uma alegria e ternura indescritível! Todo o estádio estava radiante após o golo da vantagem…
Mesmo a terminar o HJK empatou! Para Faro levei um imenso orgulho de ter ido à Luz ver o Glorioso e o Best of dos U2 1980-1990, claro que a capa do CD tem para mim uma mancha de vermelho a pular na catedral!

Um ano depois a história repetiu-se, desta vez a eliminar e de autocarro da casa do Benfica de Faro. Na primeira mão tínhamos ido ganhar, com dois golos do Ronaldo, a Salónica 2-1. Com um pontapé espectacular o Kandaurov pôs-nos em grande vantagem na eliminatória. Mas o Enke não se entendia muito bem com os livres do Sabry e fomos para prolongamento: nada, penalties na Luz. Durante o jogo os gregos gritavam bem mais que nós, o tambor dava o sinal e em coro alguns melhores berravam :”PAOK, PAOK!”
O Maniche, bem novo, assumiu a responsabilidade de marcar um dos penalties, mas o herói acabou por ser o Enke. A Luz berrava e o meu sorriso a ver a catedral contente era reconfortante, passámos a eliminatória da UEFA.

Debaixo de uma chuva implacável, vim com o M., seu Pai e V. ver um clássico. Janeiro de 2001 viu dois Benfica – Porto na Luz, nós viemos ao da taça. O Maniche fez-me berrar e esmurrar as placas das obras do estádio! 1-0 ao Porto, excelente… Mas o Maric levou a decisão para as Antas. Eu e M. ainda nos perguntamos como falhou o Van Hoijdonk aquela cabeçada no prolongamento. Foi por essa altura que começou o famoso “SLB SLB SLB SLB Glorioso SLB Glorioso SLB”

Já em carro próprio e durante as férias de semestre em Fvereiro de 2004, vim com o F. e mais três apoiantes algarvios ver o jogo do Fehér! Vencemos 2-0 à Académica.
O jogo ocupou-nos todo o dia! É engraçada toda a mecânica de vir até Lisboa para ver o Benfica: a geleira, “pára o carro que estou aflito!”, ir a Armação de Pêra, voltar por Portimão, “excursões a Lisboa”… Saímos às 10 da manhã, regressámos às 5, mas as nossas 19 horas não valeram apenas pelos 90min, vão-se fazendo prognósticos, lembrando viagens, grita-se pelo Benfica e anseia-se pelo motivo dos motivos:

“Vou ver o Benfica mesmo à Luz!”

quarta-feira, novembro 15, 2006

O Estádio de São Luís

“Quero ir ao estádio Pai!”

Em toda a povoação de Portugal há um campo de futebol, Faro não é a excepção dessa regra! Desde pequeno que passava perto do São Luís e pedia ao meu Pai para me levar a ver um jogo. Esse dia chegou quando o Belenenses, prestes a descer à segunda, foi empatar 0-0 lá abaixo. “Ali vai o médico do Farense, é o B.”, dizia-me o meu Pai. Apesar de não ter visto golos adorei estar na velha bancada dos visitantes, estava num domingo à tarde a participar na primeira divisão, “era o primeiro dia do resto da minha vida!”

Destino preferencial de fins-de-semana alongados, o Algarve sempre congregou muitos primos e amigos vindos de fora. Na jornada em que ia o Glorioso a Faro também um amigo do meu Pai o iria fazer. Compra, não-compra acabámos por ficar com dois bilhetes em casa para ver o Benfica ali tão perto! “Fui com o mano e mal víamos o jogo, a bancada estava cheia, tivemos que ficar logo nas escadas!”
Senão me engano foi 2-0 para o SLB, mas pouco importa agora. Engraçado foi o facto do jogo ser a um domingo à tarde, estar cheio, de virem adeptos de todo o Algarve para ver o jogo e eu saber que o meu irmão tinha ido com o meu Pai ao jogo, estava curioso para saber como tudo tinha sido!

Alguns anos depois ia a pé de casa até ao estádio todos os domingos em que o campeonato ia a Faro:”Já me fiz sócio do Farense, podemos ir aos jogos”! Que alegria saber que passaria a ver os jogos ao vivo semana sim, semana não…Sentava-me sempre atrás do banco de suplentes, era giro ver o público aplaudir a chegada do Paco Fortes e a sua garra durante o jogo ali mesmo perto de mim. No relvado os ídolos eram o Pitíco, o Hajry, o Djukic e o Miguel Serôdio.


No Farense era quase sempre “dia do clube”! Conceito em desuso este… “Os sócios não pagam os jogos, excepto em dia do clube”, explicou-me o meu Pai. Eram normalmente 1.000 escudos de quotas por mês, e 1.000 por jogo. Normalmente não era preciso ir às bilheteiras, um senhor em frente à Igreja de São Luís vendia também o bilhete! Como era miúdo entrava com o meu Pai.

Após o jogo lá regressávamos a casa,”correu bem o jogo?”, perguntava a minha mãe! A ver os resumos no domingo desportivo lá lanchava… Boavista-1-2 - Gil Vicente, vi o Caccioli festejar enquanto comia uma tarte de maçã feita pela minha mãe!

Era muito raro alguém ganhar na caixinha do Farense, em 92/93 Benfica e Farense foram os únicos a não perder em casa, o Famalicão fez o favor num canto nas Antas:) “O campeonato fica mais animado assim”, dizia o meu tio ao telefone nesse domingo à noite!

Quando fui ver o Glorioso a Vila do Conde ou os quarto-de-final a Barcelona parecia estar a entrar no São Luís... As bancadas tinham também umas bocas de entrada rodeadas por uns muros altos e o relvado só se deia ver depois de subir até ao último degrau! Má memória com resultados, nostalgia sorridente com a entrada nas bancadas!

“Já vi jogos em Sevilha, Barcelona, Roma, Liverpool e por todo o Portugal!”

sexta-feira, novembro 10, 2006

Eram 4 cá dentro e 3 lá fora

“Se a lei for para a frente há o risco da equipa do Ajax se transferir para Milão!”

Calhar no sorteio uma equipa italiana significava necessariamente jogar contra pelo menos 8 italianos. Benfica – Roma, Benfica – Juventos, Benfica – Parma foram mesmo jogos entre portugueses e italianos e tínhamos depois raras excepções brasileiras, suecas, argentinas, colombianas e russas! Num só jogo europeu não podiam estar presentes (sem contemplar árbitros e treinadores) mais que 8 nacionalidades…

Assim era, para jogar nas competições europeias só era possível convocar 3 estrangeiros! Engraçado ter que pensar na estratégia, golos fora, vantagem em casa… Chato não ter o Yuran em Parma! “O gajo teve medo”, repete o M. vezes sem conta, há-de morrer a pensar que a culpa de não termos a taça das Taças é do Toni. Tínhamos grandes estrangeiros na luz… Mozer, Ricardo Gomes, Aldair (era suplente), Preud’Homme, Isaías, Thern, Schwartz, Magnussen…

No campeonato já podíamos utilizar mais um jogador, o William já era assim opção! Central discreto, marcava penalties, um deles num derby por 1-0:) Dou comigo a pensar que hoje deve ser obrigatório só ter 4 do mesmo país… Penso em equipas como o Chelsea, Barcelona, Real, Inter! Comparo com os estrangeiros de há 10 anos e penso que sabia identificar os estrangeiros como tal: o Papin no Milan foi um risco, não pelas liras que por lá nunca faltaram, mas pelo lugar que poderia estar a ocupar em vez de outro estrangeiro mais credível…

Os três holandeses em Milão, os três suecos na Luz, o búlgaro e o dinamarquês em Barcelona! Honras ao Atlethic de Bilbao, não descem a jogar apenas com bascos numa liga bem competitiva. Devo também admitir que o trabalho realizado pelo Sporting é nobre nesse aspecto!

Enfim, a lei Bosman alterou muito, os ricos viram a abertura do mercado do futebol aumentar a probabilidade de vencer mais e mais títulos! Como era difícil ir jogar ao leste, grandes equipas, coesas e sempre perto do 1-0 em casa que, a eliminar, é sempre uma boa vantagem. Devo admitir que com os grupos da liga dos campeões o encanto do 1-0 se vai perdendo.

Vejo futebol há 15 anos, no outro dia fiz com o M. uma lista de estrangeiros que passaram pelo Benfica nestes anos…111, é verdade, 111 jogadores não portugueses neste tempo. A média dá 7 por época. É como se nos últimos anos adquiríssemos 7 estrangeiros na pré-época e dispensássemos outros tantos…

“Com quantos holandeses jogou o Van Gaal esta semana em Barcelona?!”

Lista realizada a 04 de Maio de 2006 (falta pelo menos um mexicano e um grego):
1. Clóvis
2. Akwa
3. Paulão
4. El Hadroui
5. Escalona
6. Machairidis
7. Sokota
8. Jankauskas
9. Panduru
10. Illiev
11. Chano
12. Pringle
13. Taument
14. Gleen Helder
15. Donizete
16. Paulo Nunes
17. Valdo
18. Ricardo Gomes
19. Ronaldo
20. Thomas
21. Pembridge
22. Poborsky
23. Mostovoi
24. Yuran
25. Kulkov
26. Brian Dean
27. Edilson
28. Karadas
29. Karyaka
30. Jamir
31. Paulo Almeida
32. Féher
33. Mauro Airez
34. Leo
35. Luisão
36. Anderson
37. Nélson
38. Zack Torton
39. Moretto
40. André Luis
41. Roger
42. André
43. Cannigia
44. Kandaurov
45. Sabry
46. Amaral (Coveiro)
47. Saunders
48. Gary Charles
49. Hassan
50. King
51. Marcelo
52. Paredão
53. Simanic
54. Isaías
55. Thern
56. Shwartz
57. Strongberg
58. Robert
59. Miccoli
60. Geovanni
61. Beto
62. Preud-Homme
63. Scott Minto
64. Yanick
65. Marchena
66. Zahovic
67. Drulovic
68. Argel
69. Tahar
70. Dos Santos
71. Fyssas
72. Rojas
73. Marcel
74. Magnunssen
75. Anderson (sueco trinco)
76. Ovchinikov
77. Harkness
78. Mantorras
79. Mozer
80. Ailton
81. Bossio
82. Karagounis
83. Manduca
84. Anderson (extremo q nem sei se jogou)
85. Luiz Gostavo
86. Uribe
87. Tote
88. Stanic
89. Vata
90. Filipovic
91. Armando Sá
92. Maouet
93. Van Hoijdonk
94. Deco
95. Éder
96. Júlio César
97. Pesaresi
98. Leónidas
99. Alemão (puto brasileiro que nem chegou a jogar)
100. Okanuwo
101. Valdir
102. Paulo Pereira
103. Hajry
104. William
105. Bermudez
106. Aldair
107. Washigton Rodriguez (mais 1 que nunca jogou)
108. Cristiano
109. Enke
110. Gamarra
111. Delibasic
112. Ivan Dudic

segunda-feira, novembro 06, 2006

Casamento com o Benfica

“Em Abril casa-se, vamos na na semana de 8 a 15!”

Em Abril serei padrinho de casamento de um grande benfiquista amigo meu! O Benfica em dias de casamento tem-me oferecido de tudo. A primeira memória é péssima, contudo a relação casamento – Benfica tem vindo a melhorar bastante.

Outubro de 1994: fomos jogar a Braga com o Gil Vicente… Um primo meu casou-se na pousada de Palmela. Ao fim da tarde lá encontrámos uma salinha com TV. Nos meus inocentes 11 anos achava que o Benfica vencia tudo e todos. Rei Artur era o nosso treinador, Preud’Homme lá estava mas a equipa tinha sido varrida e no final um penaltie fez cair o campeão! Essas eram as épocas más em que o FCP vencia o título e nós ficávamos sempre em segundo…

A minha primeira vitória na Luz só aconteceu em Setembro de 2002. O Leiria foi à luz e foi brindado por 3-1 e o Nuno Gomes lá ia marcando regressado de Florença! A luz já tinha menos um topo pois as obras tinham que começar. Vi o jogo com o T. de Faro e com o BC… O M. não pôde ir pois teve casamento da irmã da B.! Enquanto nós estávamos no estádio o M. e eu comunicávamos por sms. Ambos sabemos bem o que é não poder acompanhar um jogo no estádio ou no sofá sem qualquer outra preocupação!

No dia do casamento do meu irmão recebemos o Braga. “Quantos há?”, perguntou-me o meu tio J. assim que entrou na Quinta do copo de água, “Já estamos a ganhar desde o princípio”. Poucas horas depois pude jantar descansado pois tínhamos vencido.

Em Abril voltamos a receber o Braga e lá estarei no casamento do meu amigo F. em Inglaterra. Terei que por cá deixar algum mensageiro para me confortar o casamento claro!

“Que jogos há na premiership nessa semana?”, pensámos em coro!