Vai acabar o N/N+1?

“Ano novo…”

Num jantar de família ainda este mês informou-me o meu Tio A. da possibilidade de alterarem as épocas, “agora a época passa a ser o ano inteiro para se harmonizar os campeonatos!” Foi o que compreendi da conversa, agora há a época de 2007 por exemplo, não há as épocas de 2006/2007 e 2007/2008…

A minha reconhecida nostalgia não gostou do que ouviu. Então agora não vou poder continuar a dizer frases como “em 91/92 apurámo-nos para a frase de grupos com um grande jogo do Isaías em Londres”, ou “em 2003/2004 limpámos-lhe a única final da carreira!”???

Pensando mais numa base racional concluo que no Verão haverá mais jogos a sério e que não sei como vão fazer com os Mundiais e Europeus.

Haver jogos no Verão julgo que é bom para as nossas equipas se ainda estiverem nas competições europeias. Nem imagino o que será por exemplo vir o Bayern de Munique a Madrid em pleno Agosto. Contudo há algo que me traz saudades: as finais em Maio, os penalties do Estrela-Marselha em 90/91, o livre do Koeman no velho Wembley em 91/92 ou a final louca em Barcelona de 98/99…Sempre relacionei esses jogos ao quase fim das aulas, aos grandes dias de sol!

Quanto aos grandes torneios, estes fazem sentido decorrer enquanto as escolas estão paradas, é importante para a formação desportiva dos mais novos poderem ver os resumos, as curiosidades, todos os jogos. É bom sair do trabalho, ir ter com uma Sagres ou Super Bock, estar uma grande claridade às nove da noite e ser noite meia-final de um europeu ou mundial. Acordaria eu a meio da noite para ver o Suécia-Brasil como em 94? Iria eu aos Santos após o CEI-Escócia dos grupos do Euro’92? Finais com neve só me lembra o Porto-Peñrarol e a bola laranja…

É mais uma mudança, temos que nos habituar a elas e só assim é que se evolui. No entanto é estranho pensar numa final da Liga dos Campeões em Setembro ou num Mundial em Outubro!

“Épocas novas!”

O Pai Natal é Vermelho!

“Que prenda queres?”

A festiva época que agora vivemos é mais um conjunto de dias em que sou um dedicado e atento benfiquista. Na seia de Natal, o meu clube não deixa de ser assunto e das doze passas que às vezes engulo muitos dos desejos repetem-se ano após ano…
Para lá da célebre frase de 2001/2002 “deixem jogar o Mantorras” e do Poborsky, Kandaurov e Luís Carlos em 97 tenho mais memórias relacionadas com o glorioso …

Um Natal do início da década de 90 passei-o no Baixo Alentejo, numa casa que tínhamos na Aldeia Nova de São Bento. Nesse ano recebi a prenda que mais me fez rejubilar de alegria e correr pelo quintal frio de Dezembro. Ao peito tinha o nosso símbolo, nas mangas as setas da hummel enchiam-me de orgulho, os lindos calções brancos acompanhavam-me a cada salto, as canelas estavam protegidas, os pés estavam preparados para pisar um relvado, e a completar o conjunto guardo ainda hoje as meias vermelhas com o símbolo bordado. Poucas prendas me vão acompanhar a memória como esta! Estava mesmo feliz.

A par do equipamento tive também direito a um jogo de subutteo! A caixa era a do Itália 90, “vem a Argentina e a Alemanha, foram as finalistas do Mundial”, explicava-me o meu Pai. Para lá dessas equipas foram-me também oferecidas o Benfica e Porto, para haver uma grande rivalidade no pano, e também Portugal e Brasil, as selecções da casa e mais mediática, respectivamente.

No final da década eu e o meu irmão olhávamos com desconfiança para uns embrulhos que por baixo da árvore lá passavam os dias. Na noite de Natal foram os últimos embrulhos a serem mostrados! Ah:) Era um cachecol do Benfica para cada um. “Grande surpresa!” Diziam-nos os nossos Pais! Ficámos mesmo contentes com a prenda, os cachecóis são-nos ainda úties para decorar os nossos quartos…

Para terminar deixo uma história sempre boa para os Pais benfiquistas:
O M. tem um irmão cujo benfiquismo estava em risco. Seu Pai, sempre preocupado com a boa educação dos filhos, ensinou-nos a todos uma grande lição… Simplesmente lembrou ao F. a cor do Pai Natal e colocou a simples questão:”Este ano queres receber prendas?”

Que ninguém se esqueça de utilizar os doze desejos a que tem direito convenientemente, não esquecer que há a taça uefa, a taça de Portugal e o campeonato em jogo!

“Este ano só queria um ponta de lança…”

Morangos com Açúcar

“Com qual das duas ficavas?!”

Há um par de anos surgiu uma dúvida a todos os adolescentes portugueses... A medeática tele-novela da TVI provocava uma séria troca de argumentos entre virtudes de duas populares irmãs! A pergunta era a clássica, simples e eterna :”Qual é a tua preferida?!”

Esta pergunta sempre me fez lembrar uma discussão a que assisti por Serpa há já 10/15 anos :”Quem é o melhor? Domingos ou Kostadinov? Se tivesse que escolher para o Benfica com qual ficava?”. Analisando agora o CV de ambos parece-me que tenho uma opinião formada!

Do português guardo algumas recordações de Alvalade por exemplo. Era impressionante como o Domingos marcava quase sempre ao SCP. Lembro-me de um 2-0 em Janeiro de 96, senão me engano véspera de Jorge Sampaio ser eleito para o primeiro mandato em Belém e jogo de estreia do Hilário na baliza do FCP. Recordo-me também de um golo polémico, saltou com Costinha cabeceou e decidiu, este acompanhei num domingo à noite pela rádio. Não tenho a certeza se foi em 94/95, mas tenho a certeza de que andava no 5º ou 6º ano (93/94 ou 94/95) pois na memória tenho as queixas dos derrotados da turma...
Para lá destas neutras recordações tenho também duas bem boas!
Uma do Domingos em Barcelos a marcar mas do bota d’ouro vir para o Rui Águas, o nosso marcou mais um golo, mas como tinha mais jogos jogados bastava ao Domingos fazer o mesmo número de golos que levava a bota! Da rádio a dúvida da última jornada amedrontava-me, mas agora escrevo orgulhoso do nosso (último?) bom ponta-de-lança português!
Um penaltie falhado nas Antas contra a Sampdoria também me faz sorrir, é que o FCP foi eliminado nas Antas por penalties, senão me engano para a Taça das Taças!
Recordo também um elogio ao Domingos do meu tio TM após me ter orgulhado de ter feito um grande passe para trás das costas da defesa :”Fizeste um passe à Domingos, certo?!”

O búlgaro era o outro avançado daquela invejável dupla das Antas. Lembro-me de uma vitória azul em Bremen por 5-0... grupo da taça dos campeões em 92/93. Estou também a rever um grande golo do bico da pequena-área, a bola é bombeada e de primeira, sem deixar, cair faz um golão! Acho que foi contra o Famalicão, mas não dou certezas...
Pela selecção simplesmente tirou a França do mundial’94. Aos 44 da segunda marca o 2-1 no parque dos príncipes e no Verão seguinte joga pela Bulgária nos EUA. Por lá passa no grupo de Nigéria, Argentina e Grécia, elimina México por penalties nos oitavos (uma baliza caiu durante o jogo), Alemanha nos quartos (Mathaus ainda pôs os campeões do mundo a vencer com um penaltie aos 24 min (?dúvida do minuto), mas Stoitchkov de livre e Letchkov de cabeça deram a volta à questão), perde com a Itália nas meias e fica em quarto lugar contra Suécia (4-0 na véspera do tetra).

Enfim, talvez o deslumbre dos mundiais me leve a escolher o Búlgaro Emil!

“Quer a Soraia, quer a Ana Luísa são boas!”

Sunday Bloody Sunday

“Hoje é domingo…”

O domingo parece insistir em ter nuvens lá em cima e a disposição cá em baixo. Hoje na Figueira assim foi, até o relvado teimou em lembrar que era domingo…

Foi num destes dias de semana, véspera de teste de filosofia do 10º ano, que recebemos o Boavista para assaltar a liderança! O Souness lembrou-se de pôr os recém-chegados Harkness e Charles, o Paulo Madeira ajudou à festa, o Ayew não desperdiçou e o desfecho foi catastrófico, três-zero para os outros!

Maio de 2000, vou para Sevilha ver o Bétis – Real Madrid com M. e Pai. Tarde impensável sublinho agora passados seis anos e meio! O Bétis desceu “a la segunda”, o M. perdeu o telemóvel e, o impensável aconteceu, fui testemunha de um campeonato para o Sporting. No dia a seguir era segunda, era impossível recuperar do choque antes de enfrentar tanto sorriso verde! Admito preferir que ganhe o SCP ao FCP, mas podia ter sido sábado para na segunda todos estarem mais calmos.

Com os ouvidos na Madeira e o carro a voltar de Sevilha, lá vinha com M. e seu Pai em mais uma véspera de teste, desta vez de Sociologia no 12º. Desde essa tarde que não gosto de ouvir o Pedro Mendes na rádio… O nome Lagório também me ficou (três vezes) gravado na memória!

É desconfortável ir dormir para mais uma semana e saber que no dia a seguir alguém pode querer tocar em tão delicado assunto! Era importante contar sempre com o Benfica para ter força e começar mais uma semana.
Felizmente conto com uma, muito selectiva memória, e ao escrever estes tristes momentos me vou lembrando de mais domingos de glória do que de catástrofe!

Tivesse marcado o Van Hojdonk de penalty e o João Tomás bisado, tivesse o Geovanni calado Alvalade com o som de um triplo, ou tivéssemos simplesmente ganho a final ao Mourinho e aqui estaria eufórico por poder ir para a escola trocar impressões, mas não, apenas vou esperando que noutra segunda possa simplesmente sorrir um bom-dia a quem parece não ter corrido bem o fim-de-semana!

“Amanhã não quero ir à escola!”